quinta-feira, 19 de novembro de 2009

B-i-t-c-h

Ah, o som pesado e a modernindade.
Ah, mulheres bonitas (as cores bonitas, lá, lá,, lá, lá*)

Diretamente da França, as deliciosas gatas do Plastiscines (ai, ai...), mostram seu punk rock moderno. Glam music. Ramones com CSS. Chegando com o segundo disco, lançaram essa semana o clipe de Bitch.

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BITCH!?

Advogada bem sucedida. Prodígia. Vinte e sete anos ou algo assim. Há dois anos é sócia-diretora de um dos mais importantes escritórios de advocácia, onde trabalha há quatro. Primeira a chegar, última a sair. Um leão no tribunal. E fora dele. Determinada, dedicada e dinâmica. Conhecida pela inteligência acima da média e pela coragem. Muita atitude. Respeitável. Admirada. Invejada. Temida.Todas querem ser ela. Todos a querem como sua advogada. Todos a querem. Desejada. (O poder e seu sex appeal). Roupa cara. Social. Saia, tailler ou do tipo. Sapatos caros e sexys. Salto alto. Cabelo bem cortado. Na moda. Antenada. Bonita. Pele macia. Sempre bem perfurmada. Maquiagem impecávelmente elegante. Unhas sempre bem feitas. Esmalte delicado. Óculos de armação vermelha. Anti-tabaco. Dentes brancos e bem alinhados. Metro e setenta e qualquer-coisa-acima-do-quatro. Bem resolvida. Distribui sorrisos e intempéries conforme necessita ou quer. Não leva nunca desaforo para casa. Solteira. Reservada, sua vida sexual é um mistério no escritório. Sua vida pessoal é um mistério.
Fora do escritório, a noite, ela é outra.
Álcool e drogas. Gliter. Delineador. Muita vodka com Red-Bull. Cocaína (nunca injetável). Esmalte de tom vermelho. Anfetaminas. MDMA sempre na boca. Clubes da moda. Vodka com Red Bull. No banheiro, cocaína. Luzes coloridas. Muita gente. Gente bonita. Neon. Músicas da moda. MDMA na boca. Volume alto. Pista de dança. Suor. Contato. Toque. Línguas e mãos. Ninfomania. Parceiros diversificados. Bi-sexual. Moderna. Casas de swing.
E a noite acaba.
Dia seguinte, impecável. Cabelo bem penteado. Bonita. Maquigem suave. Corretor nos olhos. Delineador. Pefume. Creme hidratante. Esmalte suave. Elegância. Café. Forum. Papelada. Documentos. Tribunal. Café. Juiz mal-humorado. Intelgiência. Bons argumentos. Juri sonado. Juri ganho. Causa ganha. Café. Respeito. Admiração. Inveja. Papelada. Café. Reuniões. Documentos. Papelada. Café. Forum. Tribunal. Desejada. Temida. Um leão por onde passa. Um trator. Acima da média. Café. Última a sair. Café. Primeira a chegar. Café. Um exemplo a ser seguido. Café. Glorificação. Café. A presidência é questão de tempo.
Mas todo dia tem a noite.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ah, este amor...

Visitas, nenhuma. Mas o que tem de gente que pede para escrever sobre isso, sobre aquilo...
Poucos, também.










Enfim, direto dos porões da minha adolescência, a pedidos da minha principal entusiasta, a suavidade e a tranquilidade do Pantera (!!) e o saudoso semi-Deus da guitarra pesada, Dimebag Darrell, aportam aqui falando de... Amor, em This Love.

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THIS LOVE

Homem na casa dos cinquenta anos, casado a trinta. As filhas, lindas e amadas, três (todas já emancipadas), deram-lhe cinco netos. Vice-diretor de grande empresa, dinheiro, poder, dinheiro, carro importado, poder. Chega em casa de madrugada – aquela mesma casa, enorme, que sempre morou com a esposa e as filhas e que agora se esvaziara com o casamento da caçula, há cinco meses. Bebeu a noite toda, em companhia dos amigos. Futebol, cerveja, conhaque, charutos, uísque, cerveja, uísque, charuto, futebol, mulheres, putas, puteiro. Era meia noite quando chegaram ao puteiro. Bêbados, todos. Putas, muitas, todas oferecidas, dadas, fáceis. “O reflexo da sociedade atual, só tem putas”, pensava consigo enquanto era abocanhado por uma menina de, no máximo, vinte anos, como sua caçula. Essa era sua rotina semanal. Toda quinta-feira, o mesmo programa, a mesma coisa. Ria, bebia, ria, bebia, xingava, bebia, bebia, ria, bebia, xingava, xingava, bebia, bebia, xingava e, por fim, gozava. Fugia da esposa bruaca, pelo menos uma vez por semana. Ele, outros diretores, o presidente e mais alguns amigos. Todos com sua idade ou quase, ou por ali. Menos Felipe. Sujeito mais jovem, na casa dos vinte-e-poucos, era filho de alguém ali. Estava sempre ali. E se divertia. “Vocês é que vivem. Eu aqui, e minha namorada deve estar dando por aí, aquela gostosa”. E todos concordavam. E riam. E depois ficavam pensando nas suas. Putas? Dando por aí? Não, não. A deles, não. Imagine! Todas caídas, afinal. E umas chatas. Quem iria aguentá-las? Estão em casa, tricotando, vendo novela e dormindo. Pelo amor de Deus! Toda semana, a mesma coisa. Essa era a rotina. Mas naquela quinta-feira, não sei, ele não sabe, ninguém sabe, algo deu errado, alguém bebeu demais – ou de menos, provavelmente. Enfim, saiu do puteiro debaixo de porrada. Ele e os amigos. Tudo porque alguém levou cocaina – alguém sempre levava cocaina, quase sempre o pai do Felipe, seja ele quem for -, e ele resolveu ver qual era. Ah, filhos criados, dinheiro, vida feita, casa, sitío, carros importados... Foda-se! Alucinou. A-l-u-c-i-n-o-u. Xingou, gritou, bebeu, gritou, xingou, cheirou. Ninguém segurava o homem. Queria bater nas putas. Alguma raiva contida ou sabe-se lá. Um segurança quis intervir. “Tô pagando essa porra!”, “É, estamos pagando essa merda”. Alguém jogou um molho de notas de cem na cara dos seguranças. Sei lá, não devem gostar de dinheiro, o pau comeu. Foi embora, puto. Puto! E sem gozar. Sem gozar! Queria bater em alguém. Precisava bater em alguém, esmurrar alguma coisa. Dirigia enlouquecidamente, pelas ruas. Cantava pneus. Voava. Fechava um aqui, outro ali. Quase bateu, mais de uma vez. Foi xingado por outros. Semaforos vermelhos? Foda-se. Fodam-se. Todos. Tem dinheiro, poder, casa, sítio, carro importado. Chegou em casa. Precisava comer a fulana, a esposa caída. Muita excitação. Muita. Tá alucinado.Precisava relaxar. R-e-l-a-x-a-r. “Só uma gozada? Só uma gozadinha. É rapido, eu juro. Você nem vai sentir”. Mas, não. Sono, dor de cabeça, cansaço... Cansaço? Do quê? Ah, puta! Estava onde, enquando ele bebia? Onde? Puta. Todas putas! Todas! Ele respirou fundo e saiu do quarto. A mulher estava assustada. Imagine! Ele nunca foi assim. Sempre tão calmo, tão gentil, tão educado... Quando ele voltou, sorria. Acalmara-se. Ela se acalmou. Tinha algo brilhando na mão direita dele. Algo brilhando. Alguma coisa prata. Prata e brilhando. Ele estica a mão para ela. Algo brilhan... Uma arma! Meu Deus, ele tem uma arma! Uma arma... Três estrondos. Três. E o sangue lavou o lençou de seda branca. “Só uma gozadinha”.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Is That All Right

Atendendo a pedidos, um único, na verdade, de uma amiga, um clássico. O quase maldito Roy Orbison, com sua voz grossa e suas melodias simples e gostosas, vintage, empolga os corações solitários com I Drove All Night.
A coisa começa a engrenar...

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Is That All Right

Sábado de manhã. Não há sol, nem frio. Ela está sozinha em casa, ainda na cama. Não quer acordar, não quer levantar, mas não consegue mais dormir. As cortinas ainda estão fechadas. Nem café da manhã ela quer. Afundada sob os lençois, abraçando o travesseiro, ouve o som da televisão. Um aperto agudo em seu peito. A falta, a saudade. Ele está longe. Muito longe – se bem que qualquer distância é excessiva para ela. E ela só queria que ele estivesse ali, com ela, ao seu lado, naquela cama, tão grande e tão macia para se ficar sozinha... Ela fecha os olhos para tornar mais nítida a imagem dele. Ela se agarraria em seus braços grossos. Ela se aninharia em seu peito largo. Acarinharia aquela barriga lisa e musculosa. Massagearia os ombros fortes, pelos quais é apaixonada. Ela esfregaria seu corpo todo naquela boca quente. Roçaria suas coxas na barba por fazer. Ela o amaria intensamente, vigorosamente. Ela prenderia seu pescoso naqueles dentes brancos. Cravaria suas unhas cumpridas naquelas costas imensas. Ela abafaria seu próprio grito nas gigantes mãos dele... Mas ele não chegará. Não durante todo o final de semana. Procura uma resignação na solidão. Poderia até chorar, tamanha saudade que sente. E ela só quer ser feliz. Pelo menos mais um pouco, só um pouco. Ele a faria tão feliz. Tão feliz. Essa distância ainda a matará. Nem o telefone poderia lhe salvar. Eis que, da sala, ela ouve um som. Seriam chaves? Uma porta abrindo? O barulho de uma pisada forte e incisiva se aproximando. Ela está sonhando? O cheiro dele invade o ambiente. Sente seu corpo estremecer e arrepiar. Ela teme abrir os olhos e ver o nada, ver que se ilude. Sua respiração fica ofegante. Ela sente que tem alguém ali. Uma mão lhe toca as costas, sobe até sua nuca. Ela não se meche. A mão se enrosca em seu cabelos, afaga seu rosto, roça seu lábios. Seu coração está acelerado. Os dentes mordem sua orelha. É ele! Ela se encharca em felicidade. O CD, aqui.

domingo, 15 de novembro de 2009

O Par

Tentemos, então, algo em português.
Banda dona de ótimos riffs e de um site fantástico, os cariocas do Moptop chegam com a música Bom Par.

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O Par

Terça-feira. Noite fria. Sujeito, com seus vinte e muitos anos, sai de um boteco qualquer. Vinte e uma, no relógio. Bebera desde as quinze, quando fugiu do escritório alegando enxaqueca. Bebeu para afogar as mágoas do fora que tomou, da linda e jovem namorada universitária, no último sábado. “Adoro você, mas não o amo mais”. As palavras ainda ressoavam em sua cabeça. Escorando-se pelas paredes, a fina garoa na cabeça, ele chega ao ponto de ônibus. Pega um qualquer, que esteja vazio, apenas para fugir dali. Senta-se e coloca os fones no ouvido, mas, de tão bebado, não consegue escolher nenhuma música. A chuva, lá fora, aperta forte, promentendo lavar as almas dos indignos, como ele. Ele fecha os olhos. Revê, mentalmente, os bons momentos vividos ao lado da amada, que nunca mais terá para si, e os erros com ela cometidos, e que a fez dele se escapar. O semáforo acende a luz vermelha. O ônibus para. Um raio explode do lado de fora, iluminando a rua. Num susto, ele olha pela janela. O sinal se abre. Passam por um pub com largas janelas de vidro. Ele, então, vê, em uma das mesas, rodeada por amigos e amigas que riem e se divertem, aquela que o faz sofrer por amor. A bala lhe acerta em cheio o coração. Ainda cambaleando, consegue descer do ônibus no próximo ponto. Ele ergue a gola do blaser para melhor se proteger da chuva e do frio. Caminha tropego pela calçada, chutando, com seu All-Star, as poças d’água que a chuva formou, até chegar à janela do pub. Olha para dentro do bar. Lá está ela, ao fundo. Ri, como se ele nunca tivesse existido. A chuva vira diluvio e o lava por completo. Ele não sente. Está anestesiado pela dor e por seus erros. Não sabe se o que lhe escorre pela face é chuva ou lágrimas. Outro raio. Mais claro que o anterior, mais sonoro, ainda. Desanimado, ele estremece. Ela, mesmo de dentro do pub, assusta-se com o estrondo. Olha para fora, pela janela, mas não o vê. Ele já está invisível para ela. Ou sempre o fora. O CD, aqui.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

The One

Tentemos de novo?
Afinal, todos merecemos uma segunda chance, certo?

Aqui, a quase bipolar ótima banda Stereophnics, com a rouca voz do problemático Kelly Jones, embala, ao som da música Dakota, um passeio de bicicleta com.

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The One

Garota, vinte anos ou menos, sai de bicicleta. Vai dar uma volta pelo bairro, desfilar sua beleza etérea. É a tarde de um sábado quente e úmido. O Sol está escondido entre nuvens, mas o calor implora por uma cerveja, dessas estupidamente geladas. Ainda assim, ela insiste na bike e sai pedalando. O fone do celular, no ouvido. A música está alta. Ela não ouve nenhum som externo. Nada. Pedala pelo cara a fez acreditar que, de alguma forma, ele a faria feliz. Pedala para esquecer. Vira uma esquina. Outra. Depois outra. Segue pelas ruas da cidade. Em uma rua qualquer, ela, pedalando rápido, com vigor, quer sentir o vento lhe estapear o rosto, refrescando seu corpo todo. Quer testar seus limites. Descobre que a rua termina em uma ingreme ladeira, dessas que não se sobe nem de carro. O asfalto está lisinho. Ela acelera ainda mais, embalada pela música em seus ouvidos. Está pedalando tão rápido que os pedais querem lhe escapar. O mundo é seu! Já na ladeira, a bicileta ganha muita velocidade. Ela tenta continuar pedalando, acompanhando a velocidade da bicicleta, mas logo desiste. Apenas se deixa levar. Tudo é muito rápido. Uma leve adrenalina começa a tomar conta de seu corpo. O vento bate cada vez mais forte contra seu rosto. Seu cabelo voa. Vai deixando para trás as memórias do amor mal resolvido. As lágrimas, que saem dos seus olhos, não escorrem para baixo, mas para trás. A ladeira é longa e a velocidade está alta demais. Vê, então, a avenida que cruza a ladeira. É uma avenida larga, duas mãos, seis pistas. Testa os freios. Nada. Testa de novo. Sem chance. Não há transito. Tanto pior, então. Algum carro pode passar muito rápido, ali e lhe acertar em cheio. A adrenalida ferve. O coração dispara. Está em uma montanha russa particular, sem cintos, cujos trilhos terminam no vazio. Está encharda em seu suor. Chega à na esquina. Ela fecha os olhos e grita alto, com raiva, esperando ser atingida. Sente o vento mudar de direção. Está no meio da via. Seu coração vai explodir. Poucos eternos segundo depois, ela atravessou a venida, entre carros freiando assustados, que ela não viu, nem ouviu, sem ser atingida por ninguém. Abre os olhos e está do outro lado da avenida, na outra rua. A bicicleta ainda está rápida. Uma sensação incrível lhe arrebata. Seus pelos se arrepiam todos. A bicicleta perde velocidade sozinha, rapidamente. Ela grita. Está em orgasmo. Grita alto. Só pára de gritar quando a bicicleta pára de andar. Ela olha para trás e vê a venida, já não tão perto. O sorriso rasga seu rosto. Feliz, nem liga se tem que pegar aquela ladeira de volta para casa, agora subindo. O CD, aqui.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Why?

Para começar, a fofa e deliciosa Zooey Deschanel, em seu projeto She & Him, em conjunto com o guitarrista/ produtor M. Ward. A música: Why Do You Let Me Stay Here.

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Why?

Praia. Verão de 40graus à sombra, em plena primavera. Sujeito sai cedo de casa, em jejum, para dar uma volta. Quer, sozinho, respirar o ar salgado da maresia, abrir o apetite, esquecer alguém do passado, alguma garota. Uma certa melancolia circula pelo ar. Um clima meio Jamaica anos 50. Ele caminha sem carteira, sem dinheiro. A praia é logo ali. Leva consigo, porém, seu iPod e um livro de Mia Couto. Chega a praia quase deserta. Chinelos na mão e pés na areia quente. Ele tira a camiseta para o sol ardido lhe beijar as costas tatuadas. Caminha, esfregando seus pés na areia, até a orla, onde o mar namora a areia. Olha em volta. Lá na frente, três crianças jogam bola, acompanhados de sua mãe, que os vigia. A bola lhes escapa do pé e vai em direção da água. Os três saem correndo para a água. Acotovelam-se para chegarem à frente do outro. Uma das crianças cai, já na água. Ele, então, volta até onde a areia é seca e se senta, olhando o vai-e-vem das ondas. Procura em seu iPod alguma música, mas mantém o som baixo, mudo. Abre o livro em uma página qualquer, mas não o lê. Olha o mar mais uma vez. O sol da manhã o reconforta. Do bolso do shorts amarelo, saca um cigarro de maconha e um isqueiro. A fumaça lhe infla os pulmões e ele segura a respiração. Com alívio, solta o ar, paulatinamente. Sorri. Outro trago no cigarro. Ele fecha os olhos para sentir a boca amortecida. O dia está bonito. Solta novamente a fumaça e mantém o cigarro à boca, preso pelos lábio resecados. Não consegue esquecer a tal garota garota do passado. Boas lembranças, bons tempos. A saudade aperta forte. Um sorriso taciturno lhe invade o rosto. O passado é traiçoeiro. Se ao menos ela ainda estive... O sujeito abaixa a cabeça para o livro, mas não consegue mais se concentrar. Ele dá um forte trago no cigarro e o tira da boca. Assiste a brasa queimar a ponta do cigarro. Nova tragada. Mais um pouco e não consegurá se levantar. As crianças sumiram de seu campo de visão. Ele quer correr, voar, mas se mantem sentado e fecha os olhos. Sente o vento lhe bagunçar os cabelos. O sorriso ainda está nos lábios. A garota ainda está na mente. Deita-se na areia. Finalmente, aumenta o som. O CD, aqui.