quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ah, este amor...

Visitas, nenhuma. Mas o que tem de gente que pede para escrever sobre isso, sobre aquilo...
Poucos, também.










Enfim, direto dos porões da minha adolescência, a pedidos da minha principal entusiasta, a suavidade e a tranquilidade do Pantera (!!) e o saudoso semi-Deus da guitarra pesada, Dimebag Darrell, aportam aqui falando de... Amor, em This Love.

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THIS LOVE

Homem na casa dos cinquenta anos, casado a trinta. As filhas, lindas e amadas, três (todas já emancipadas), deram-lhe cinco netos. Vice-diretor de grande empresa, dinheiro, poder, dinheiro, carro importado, poder. Chega em casa de madrugada – aquela mesma casa, enorme, que sempre morou com a esposa e as filhas e que agora se esvaziara com o casamento da caçula, há cinco meses. Bebeu a noite toda, em companhia dos amigos. Futebol, cerveja, conhaque, charutos, uísque, cerveja, uísque, charuto, futebol, mulheres, putas, puteiro. Era meia noite quando chegaram ao puteiro. Bêbados, todos. Putas, muitas, todas oferecidas, dadas, fáceis. “O reflexo da sociedade atual, só tem putas”, pensava consigo enquanto era abocanhado por uma menina de, no máximo, vinte anos, como sua caçula. Essa era sua rotina semanal. Toda quinta-feira, o mesmo programa, a mesma coisa. Ria, bebia, ria, bebia, xingava, bebia, bebia, ria, bebia, xingava, xingava, bebia, bebia, xingava e, por fim, gozava. Fugia da esposa bruaca, pelo menos uma vez por semana. Ele, outros diretores, o presidente e mais alguns amigos. Todos com sua idade ou quase, ou por ali. Menos Felipe. Sujeito mais jovem, na casa dos vinte-e-poucos, era filho de alguém ali. Estava sempre ali. E se divertia. “Vocês é que vivem. Eu aqui, e minha namorada deve estar dando por aí, aquela gostosa”. E todos concordavam. E riam. E depois ficavam pensando nas suas. Putas? Dando por aí? Não, não. A deles, não. Imagine! Todas caídas, afinal. E umas chatas. Quem iria aguentá-las? Estão em casa, tricotando, vendo novela e dormindo. Pelo amor de Deus! Toda semana, a mesma coisa. Essa era a rotina. Mas naquela quinta-feira, não sei, ele não sabe, ninguém sabe, algo deu errado, alguém bebeu demais – ou de menos, provavelmente. Enfim, saiu do puteiro debaixo de porrada. Ele e os amigos. Tudo porque alguém levou cocaina – alguém sempre levava cocaina, quase sempre o pai do Felipe, seja ele quem for -, e ele resolveu ver qual era. Ah, filhos criados, dinheiro, vida feita, casa, sitío, carros importados... Foda-se! Alucinou. A-l-u-c-i-n-o-u. Xingou, gritou, bebeu, gritou, xingou, cheirou. Ninguém segurava o homem. Queria bater nas putas. Alguma raiva contida ou sabe-se lá. Um segurança quis intervir. “Tô pagando essa porra!”, “É, estamos pagando essa merda”. Alguém jogou um molho de notas de cem na cara dos seguranças. Sei lá, não devem gostar de dinheiro, o pau comeu. Foi embora, puto. Puto! E sem gozar. Sem gozar! Queria bater em alguém. Precisava bater em alguém, esmurrar alguma coisa. Dirigia enlouquecidamente, pelas ruas. Cantava pneus. Voava. Fechava um aqui, outro ali. Quase bateu, mais de uma vez. Foi xingado por outros. Semaforos vermelhos? Foda-se. Fodam-se. Todos. Tem dinheiro, poder, casa, sítio, carro importado. Chegou em casa. Precisava comer a fulana, a esposa caída. Muita excitação. Muita. Tá alucinado.Precisava relaxar. R-e-l-a-x-a-r. “Só uma gozada? Só uma gozadinha. É rapido, eu juro. Você nem vai sentir”. Mas, não. Sono, dor de cabeça, cansaço... Cansaço? Do quê? Ah, puta! Estava onde, enquando ele bebia? Onde? Puta. Todas putas! Todas! Ele respirou fundo e saiu do quarto. A mulher estava assustada. Imagine! Ele nunca foi assim. Sempre tão calmo, tão gentil, tão educado... Quando ele voltou, sorria. Acalmara-se. Ela se acalmou. Tinha algo brilhando na mão direita dele. Algo brilhando. Alguma coisa prata. Prata e brilhando. Ele estica a mão para ela. Algo brilhan... Uma arma! Meu Deus, ele tem uma arma! Uma arma... Três estrondos. Três. E o sangue lavou o lençou de seda branca. “Só uma gozadinha”. Obs.: Seu eu disser que escrevi esse texto apenas ouvindo a música pelo CD e que só depois peguei o clipe no Youtube para postar aqui, vai parecer mentira, né? Fazer o quê...?

2 comentários:

  1. CARALEO!!! Vc é bom nisso, em menos de 12 horas já saiu do forno a estória! AFE!!!
    Ainda não li, tive que comentar antes disso, não me aguentei!
    Gostou da sessão nostalgia? Eu tbém... e tenho certeza que vou curtir o texto...
    Agora mãos a obra no Steve Vai.
    Bjssssssss

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  2. Li e ouvi.
    Perfeitamente sincronizado, no tempo e nas emoções!
    Esse blog tava muito romanticuzinho, agora melhorou!
    ;)
    BJS

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