sexta-feira, 13 de novembro de 2009

The One

Tentemos de novo?
Afinal, todos merecemos uma segunda chance, certo?

Aqui, a quase bipolar ótima banda Stereophnics, com a rouca voz do problemático Kelly Jones, embala, ao som da música Dakota, um passeio de bicicleta com.

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The One

Garota, vinte anos ou menos, sai de bicicleta. Vai dar uma volta pelo bairro, desfilar sua beleza etérea. É a tarde de um sábado quente e úmido. O Sol está escondido entre nuvens, mas o calor implora por uma cerveja, dessas estupidamente geladas. Ainda assim, ela insiste na bike e sai pedalando. O fone do celular, no ouvido. A música está alta. Ela não ouve nenhum som externo. Nada. Pedala pelo cara a fez acreditar que, de alguma forma, ele a faria feliz. Pedala para esquecer. Vira uma esquina. Outra. Depois outra. Segue pelas ruas da cidade. Em uma rua qualquer, ela, pedalando rápido, com vigor, quer sentir o vento lhe estapear o rosto, refrescando seu corpo todo. Quer testar seus limites. Descobre que a rua termina em uma ingreme ladeira, dessas que não se sobe nem de carro. O asfalto está lisinho. Ela acelera ainda mais, embalada pela música em seus ouvidos. Está pedalando tão rápido que os pedais querem lhe escapar. O mundo é seu! Já na ladeira, a bicileta ganha muita velocidade. Ela tenta continuar pedalando, acompanhando a velocidade da bicicleta, mas logo desiste. Apenas se deixa levar. Tudo é muito rápido. Uma leve adrenalina começa a tomar conta de seu corpo. O vento bate cada vez mais forte contra seu rosto. Seu cabelo voa. Vai deixando para trás as memórias do amor mal resolvido. As lágrimas, que saem dos seus olhos, não escorrem para baixo, mas para trás. A ladeira é longa e a velocidade está alta demais. Vê, então, a avenida que cruza a ladeira. É uma avenida larga, duas mãos, seis pistas. Testa os freios. Nada. Testa de novo. Sem chance. Não há transito. Tanto pior, então. Algum carro pode passar muito rápido, ali e lhe acertar em cheio. A adrenalida ferve. O coração dispara. Está em uma montanha russa particular, sem cintos, cujos trilhos terminam no vazio. Está encharda em seu suor. Chega à na esquina. Ela fecha os olhos e grita alto, com raiva, esperando ser atingida. Sente o vento mudar de direção. Está no meio da via. Seu coração vai explodir. Poucos eternos segundo depois, ela atravessou a venida, entre carros freiando assustados, que ela não viu, nem ouviu, sem ser atingida por ninguém. Abre os olhos e está do outro lado da avenida, na outra rua. A bicicleta ainda está rápida. Uma sensação incrível lhe arrebata. Seus pelos se arrepiam todos. A bicicleta perde velocidade sozinha, rapidamente. Ela grita. Está em orgasmo. Grita alto. Só pára de gritar quando a bicicleta pára de andar. Ela olha para trás e vê a venida, já não tão perto. O sorriso rasga seu rosto. Feliz, nem liga se tem que pegar aquela ladeira de volta para casa, agora subindo. O CD, aqui.

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