segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Is That All Right

Atendendo a pedidos, um único, na verdade, de uma amiga, um clássico. O quase maldito Roy Orbison, com sua voz grossa e suas melodias simples e gostosas, vintage, empolga os corações solitários com I Drove All Night.
A coisa começa a engrenar...

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Is That All Right

Sábado de manhã. Não há sol, nem frio. Ela está sozinha em casa, ainda na cama. Não quer acordar, não quer levantar, mas não consegue mais dormir. As cortinas ainda estão fechadas. Nem café da manhã ela quer. Afundada sob os lençois, abraçando o travesseiro, ouve o som da televisão. Um aperto agudo em seu peito. A falta, a saudade. Ele está longe. Muito longe – se bem que qualquer distância é excessiva para ela. E ela só queria que ele estivesse ali, com ela, ao seu lado, naquela cama, tão grande e tão macia para se ficar sozinha... Ela fecha os olhos para tornar mais nítida a imagem dele. Ela se agarraria em seus braços grossos. Ela se aninharia em seu peito largo. Acarinharia aquela barriga lisa e musculosa. Massagearia os ombros fortes, pelos quais é apaixonada. Ela esfregaria seu corpo todo naquela boca quente. Roçaria suas coxas na barba por fazer. Ela o amaria intensamente, vigorosamente. Ela prenderia seu pescoso naqueles dentes brancos. Cravaria suas unhas cumpridas naquelas costas imensas. Ela abafaria seu próprio grito nas gigantes mãos dele... Mas ele não chegará. Não durante todo o final de semana. Procura uma resignação na solidão. Poderia até chorar, tamanha saudade que sente. E ela só quer ser feliz. Pelo menos mais um pouco, só um pouco. Ele a faria tão feliz. Tão feliz. Essa distância ainda a matará. Nem o telefone poderia lhe salvar. Eis que, da sala, ela ouve um som. Seriam chaves? Uma porta abrindo? O barulho de uma pisada forte e incisiva se aproximando. Ela está sonhando? O cheiro dele invade o ambiente. Sente seu corpo estremecer e arrepiar. Ela teme abrir os olhos e ver o nada, ver que se ilude. Sua respiração fica ofegante. Ela sente que tem alguém ali. Uma mão lhe toca as costas, sobe até sua nuca. Ela não se meche. A mão se enrosca em seu cabelos, afaga seu rosto, roça seu lábios. Seu coração está acelerado. Os dentes mordem sua orelha. É ele! Ela se encharca em felicidade. O CD, aqui.

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